8/10/2008

O final

Agora já escrevo da cadeira da minha sala de estar, de volta em Belo Horizonte. Mas acho que a essa altura isso não deve ser novidade pra ninguém, né?

Então tá, vamos ao resumo dos últimos dias de viagem que provavelmente quebraram o recorde, tanto em intensidade quanto em excentricidade. Em ordem cronológica, minhas impressões:

1) Sabem aquela música que fala que a gente pode mudar de idéia e falar o contrário todo hora? Pois então, o lago Titicaca realmente é lindo (do lado da Bolívia, pelo menos). O passeio na Ilha do Sol me surpreendeu positivamente e foi muito louco mesmo com toda a má vontade que eu tava antes de ir, já esperando que ia ser bem banal. A vista das encostas íngremes cortadas em curvas de nível e cobertas da típica vegetação amarelada em contraste com o azul do lago e o branco das montanhas nevadas da Cordilheira Real lá atrás é incrível. Fiquei até com dó que, por motivos logísticos, tive que ficar pouco tempo e não pude dormir lá, mas a vida é feita de escolhas e é isso aí.

2) Bem corridamente, fui pra La Paz e rodei como um louco as ruas dessa capital. Adorei. O ar de cidade grande misturado com a originalidade da vida dos índios que moram lá criam uma atmosfera muito legal. Por exemplo, você caminha dois quarteirões da avenida principal - cheia de executivos de terno e prédios de vidro - e chega no mercado de feitiçaria, onde as índias vendem cestas cheias de fetos de lhama, incenso anti-macumba e ervas pra dor-de-barriga.

3) Agora sim posso afirmar que fiz a coisa mais legal da minha vida. Carreguei mochila pesada, usei grampão no pé, casaco de neve e picareta de gelo, dormi num refúgio na base da galeira, acordei às 1 da manhã, vomitei biscoito de goiaba, caminhei por dois dias e masquei muita coca pra conseguir subir o Huayna Potosi, um pico que fica nos arredores de La Paz e que tem 6088 metros de altitude. A subida foi osso, mas descer foi mais difícil pelo alto tempo pelo qual já estava exposto à ainda mais alta altitude: cheguei no refúgio completamente grogue, rindo sem parar, respirando de boca aberta e sem conseguir formular uma frase completa nem em inglês ou espanhol. Uhu!

4) Mas a viagem de volta conseguiu ser ainda mais épica. Peguei um vôo de La Paz pra Santa Cruz porque só tinha dinheiro pra pagar por esse trecho. Dormi lá e fiquei um dia inteiro esperando pelo ônibus pra fronteira que só sairia cinco da tarde - andei pela cidade inteira e vi o novo filme do Batman no cinema (muito bom, por sinal). O ônibus acabou saindo só às sete, e a viagem que era pra demorar 15 horas demorou 38. Sim sim, 38! Motivos: atolamento, teto quebrado, batida lateral, eixo quebrado, motorista cansado e uma possível câmera escondida do Serginho Mallandro que eu não vi, mas tenho convicção quase inabalável que deveria existir tendo em vista a comicidade forçada e sutil presente durante toda essa batalha. Da fronteira, já emendei o ônibus de Corumbá pra Campo Grande e de lá pra BH. Cheguei torto, mas feliz.


E, assim, a viagem acabou (mas não o blog).

8/03/2008

E no próximo capítulo...

É, a viagem já acabou. Ontem a noite peguei um vôo de La Paz a Santa Cruz de la Sierra e hoje fiquei o dia inteiro andando por aqui - pra esmerilar em baixas altitudes minhas hemácias novinhas em folha adquiridas no altiplano - e principalmente esperando o ônibus que sai daqui a 15 minutos, pra fronteira com o Brasil.

Isso significa que chegarei em casa na terça-feira, e daí posto as notícias dos últimos dias, desde o lago Titicaca até o
Huayna Potosí. Há!