12/31/2008

No meio do caminho tinha um rio

Tá, beleza, eu não escrevi de lá mas isso pouca importa. O negócio é que não esperávamos que em Porto Velho tudo fosse se resolver tão rápido como foi: chegamos lá de manhã, passeamos no museu da estrada de ferro da Mad Maria e à tardinha mesmo já colocamos nosso carrinho na balsa - porque estrada nesses lados de cá do Brasil é coisa rara - e partimos pra Manaus.

O que se passou nesses quase quatro dias caberiam em um livro, sério. Afinal, foram um pouco mais de 900 km em três rios diferentes; seguimos direto no Madeira até a esquina com o Amazonas, dobramos à esquerda contra a maré e logo depois à direita no Negro, um pouco antes de atracarmos num pequeno porto na periferia de Manaus.

E o que vimos na balsa foi melhor até que um Globo Repórter "Segredos da Amazônia". Tudo começa pela própria balsa, que transportava tomate, alho, cebola (que inclusive eram os únicos temperos presentes em todo almoço e jantar a bordo, coincidentemente ou não) e carros com seus respectivos tripulantes - o que é proibido por lei e por isso muito mas excitante. Além disso, vimos grande parte daquelas coisas que a gente supostamente tem que ver quando vai pra floresta amazônica, como botos pulando no rio, tartarugas gigantes e comunidades ribeirinhas. E pra entrar mesmo no clima, até passei todas as noites dormindo em uma rede ao relento.

Pra melhorar, nossos companheiros de viagem variavam desde nordestinos erradicados na Região Norte, passando por um militar professor de Geografia e chegando até, pasmem, a dois venezuelanos em viagem desde Buenos Aires a Caracas, carregando no carro oito poodles, uma tartaruga russa e uma iguana da Indonésia. Isso tudo significa que, além de aulas gratuitas de localização na selva (incluindo um aparelinho GPS pra demonstração) e hábitos de vida ribeirinhos, também aprendemos uma grande lição de vida: por mais que você ache que está fazendo uma viagem longa, sempre tem algum maluco pra te deixar no chinelo.

O Rio Madeira, casa por 3 dias

12/26/2008

O caminho ao Norte

Sabe aquela frase que diz que o mais legal é a trajetória da flecha do que acertar o alvo? Pois resolvi levar ela a sério: paguei 70 reais de taxa de cancelamento de uma passagem de avião já comprada até Manaus pra enfrentar mais riscos, gastar mais dinheiro e demorar mais tempo. E agora, quatro dias e 2931 quilômetros depois, vejo que foi uma das decisões mais certas que eu já tomei.

Isso porque, além de conhecer um pedaço do Brasil que eu nunca nem imaginava como era, estou tendo uma lição de geografia e comportamentos valiosa. Tentando concentrar em dez tópicos o que eu já aprendi:

1) O Brasil é grande.
2) O Uno é o melhor carro que existe.
3) Estradas no Mato Grosso são incrivelmente melhores do que você pensa
4) Já as estradas de Goiás são como você pensa mesmo - aliás, nem sei pra quê eles têm estradas nesse estado. Tenho uma teoria de que toda cidade pequena em Goiás é a mesma na verdade (um dia provarei essa tese, quem viver verá).
5) O melhor lugar para encontrar gaúchos é no Centro-Oeste.
6) Brasília não é desse planeta.
7) Dar carona pra locais é o auge - principalmente pra hippies de Três Marias, locutores de rádio em Rondonópolis ou senhores com diarréia voltando pra Cuiabá.
8) Mas não acredite muito nos locutores. Eles mentem, especialmente sobre condições viárias e assuntos relacionados.
9) No Mato Grosso, dirija um carro flex.
10) E o mais importante: antes de tentar empreender viagens automotivas maiores ou iguais a 5 mil quilômetros, confie nos caminheiros e compre um encosto de banco de bolinhas de madeira. E isso é sério.

No mais, a lista aumentará no final de tudo, não tenho dúvidas. Agora estamos em Vilhena, a primeira cidade que pisamos em solo rondoniense. Daqui a 700 quilômetros fica Porto Velho. E escreverei de lá. Abraços!

Chapada dos Guimarães, um dos lugares mais legais da história

12/12/2008

Dessa vez, de carro.

Being Being. Há!

Eis que o blog de viagens renasce após cinco meses de inatividade. O motivo é talvez a viagem mais non-sense que já tentei empreender e que começo hoje: sairemos de carro de Belo Horizonte visando Caracas, na Venezuela, onde ficarei por 6 semanas hospedado num institituo de yoga fazendo um estágio de vivência em cooperativas e círculos bolivarianos.

Yoga, Venezuela, cooperativas. É, essas coisas realmente não faziam parte do meu pensamento no dia-a-dia antes de eu conhecer o pessoal da Psicologia da UFMG que está indo. Mas isso é papo pra depois, talvez quando chegarmos lá no outro lado do continente. Agora o que importa é Brasília, nossa primeira parada rumo ao norte onde iremos chegar daqui a umas doze horas ou algo do tipo.

Stay tuned for news.