Tá, beleza, eu não escrevi de lá mas isso pouca importa. O negócio é que não esperávamos que em Porto Velho tudo fosse se resolver tão rápido como foi: chegamos lá de manhã, passeamos no museu da estrada de ferro da Mad Maria e à tardinha mesmo já colocamos nosso carrinho na balsa - porque estrada nesses lados de cá do Brasil é coisa rara - e partimos pra Manaus.
O que se passou nesses quase quatro dias caberiam em um livro, sério. Afinal, foram um pouco mais de 900 km em três rios diferentes; seguimos direto no Madeira até a esquina com o Amazonas, dobramos à esquerda contra a maré e logo depois à direita no Negro, um pouco antes de atracarmos num pequeno porto na periferia de Manaus.
E o que vimos na balsa foi melhor até que um Globo Repórter "Segredos da Amazônia". Tudo começa pela própria balsa, que transportava tomate, alho, cebola (que inclusive eram os únicos temperos presentes em todo almoço e jantar a bordo, coincidentemente ou não) e carros com seus respectivos tripulantes - o que é proibido por lei e por isso muito mas excitante. Além disso, vimos grande parte daquelas coisas que a gente supostamente tem que ver quando vai pra floresta amazônica, como botos pulando no rio, tartarugas gigantes e comunidades ribeirinhas. E pra entrar mesmo no clima, até passei todas as noites dormindo em uma rede ao relento.
Pra melhorar, nossos companheiros de viagem variavam desde nordestinos erradicados na Região Norte, passando por um militar professor de Geografia e chegando até, pasmem, a dois venezuelanos em viagem desde Buenos Aires a Caracas, carregando no carro oito poodles, uma tartaruga russa e uma iguana da Indonésia. Isso tudo significa que, além de aulas gratuitas de localização na selva (incluindo um aparelinho GPS pra demonstração) e hábitos de vida ribeirinhos, também aprendemos uma grande lição de vida: por mais que você ache que está fazendo uma viagem longa, sempre tem algum maluco pra te deixar no chinelo.
O Rio Madeira, casa por 3 dias