Ontem fomos no ato de comemoração de 10 anos do governo Chávez. Mesmo embaixo de uma chuva pesada, a praça de Los Próceres estava completamente abarrotada. Pra onde quer que se olhava só se via vermelho: camisas, bonés, bandeiras e qualquer outra coisa onde fosse possível colocar o nome do presidente ou grafar a palavra "Si", em referência ao plebiscito sobre a emenda constitucional da reeleição indefinda que acontecerá no dia 15 de feveiro.
As pessoas, no entanto, esperavam na arquibanda a passagem de Chávez, que vinha num pequeno jipe do exército. Quando o veículo presidencial se avistou na entrada do paseo, os primeiros grupos de seguidores já começaram a se formar nas laterais. Do jipe, o presidente e outros chefes-de-estado dos países da Alba - Evo Morales, Daniel Ortega e companhia - acenavam pra multidão eufórica. Logo logo os grupos viraram hordas, murmúrios gritos de guerra e, quando me dei conta, estava também correndo e gritando ao lado do carro, completamente contagiado pelo exaltaçao geral.
Infelizmente, nao pude ouvir o discurso até o final - jogaram uma barreira de metal em cima do pé da Rosi, uma amiga brasileira que também está aqui no instituto, e acabei indo com ela ao hospital. Mesmo assim, o que vi ontem somado com o que já tinha presenciado no dia-a-dia aqui na Venezuela me deixam admirado com a importância que a política tem na vida desse povo. Aqui qualquer lugar é lugar e qualquer hora é hora - desde que se trate de discutir os logros da revolução bolivariana ou de tentar me convencer do caos que o país se tornou desde que Chávez entrou no poder.
Ontem mesmo no metrô, por exemplo, pergutaram a uma moça o porquê dela estar usando uma camisa com o nome do presidente. Disso saiu um discurso merecidamente aplaudido que me fez arrepiar. Em Barlovento, a região mais pobre do estado de Miranda, aqui do lado de Caracas, também me impressionou ver uma senhora simples, ex-dona-de-casa, elogiar veemente os feitos do governo e da economia solidária - desde 2004 ela faz parte de uma cooperativa de costura composta atualmente por quase duzentas costureiras. Surpresa também quando o celular da senhora ao lado tocou: ao invés da tradicional melodia da Nokia ou de uma música brega qualquer, o jingle da campanha do "sim" do referendo do próximo dia 15.
Outro momento que marcou foi o último 23 de janeiro, aniversário da remedocratização de 1958, quando caiu o ditador Pérez Jiménez. Nesse dia, o chavismo e a oposição realizaram cada um sua marcha defendendo sua posição no referendo da emenda constitucional. Para ter base de comparação, fomos nas duas, e ficamos boquiabertos com o número de pessoas mobilizadas em plena manhã de sexta-feira para discutir e fazer política mesmo em dia-útil.
Nessas horas, a comparação com o Brasil é inevitável e vem até com uma certa pontada de tristeza. O que será que precisamos para que, ao invés de discutir sobre o último eliminado do Big Brother, nos interessássemos mais pela nova constituiçao boliviana? Ou ao invés de assistirmos novela de seis da tarde até dez da noite, pudéssemos ligar a TV e ver jornalismo comentado em vários canais durante quase todo o horário nobre? Ou para que seja normal sair às ruas para manifestar alegria ou tristeza mesmo quando a razao pra isso nao é carnaval ou micareta fora de época, mas sim apenas a política, nua e crua?
Tá, também odeio perguntas retóricas, mas às vezes é inevitável.
Infelizmente, nao pude ouvir o discurso até o final - jogaram uma barreira de metal em cima do pé da Rosi, uma amiga brasileira que também está aqui no instituto, e acabei indo com ela ao hospital. Mesmo assim, o que vi ontem somado com o que já tinha presenciado no dia-a-dia aqui na Venezuela me deixam admirado com a importância que a política tem na vida desse povo. Aqui qualquer lugar é lugar e qualquer hora é hora - desde que se trate de discutir os logros da revolução bolivariana ou de tentar me convencer do caos que o país se tornou desde que Chávez entrou no poder.
Ontem mesmo no metrô, por exemplo, pergutaram a uma moça o porquê dela estar usando uma camisa com o nome do presidente. Disso saiu um discurso merecidamente aplaudido que me fez arrepiar. Em Barlovento, a região mais pobre do estado de Miranda, aqui do lado de Caracas, também me impressionou ver uma senhora simples, ex-dona-de-casa, elogiar veemente os feitos do governo e da economia solidária - desde 2004 ela faz parte de uma cooperativa de costura composta atualmente por quase duzentas costureiras. Surpresa também quando o celular da senhora ao lado tocou: ao invés da tradicional melodia da Nokia ou de uma música brega qualquer, o jingle da campanha do "sim" do referendo do próximo dia 15.
Outro momento que marcou foi o último 23 de janeiro, aniversário da remedocratização de 1958, quando caiu o ditador Pérez Jiménez. Nesse dia, o chavismo e a oposição realizaram cada um sua marcha defendendo sua posição no referendo da emenda constitucional. Para ter base de comparação, fomos nas duas, e ficamos boquiabertos com o número de pessoas mobilizadas em plena manhã de sexta-feira para discutir e fazer política mesmo em dia-útil.
Nessas horas, a comparação com o Brasil é inevitável e vem até com uma certa pontada de tristeza. O que será que precisamos para que, ao invés de discutir sobre o último eliminado do Big Brother, nos interessássemos mais pela nova constituiçao boliviana? Ou ao invés de assistirmos novela de seis da tarde até dez da noite, pudéssemos ligar a TV e ver jornalismo comentado em vários canais durante quase todo o horário nobre? Ou para que seja normal sair às ruas para manifestar alegria ou tristeza mesmo quando a razao pra isso nao é carnaval ou micareta fora de época, mas sim apenas a política, nua e crua?
Tá, também odeio perguntas retóricas, mas às vezes é inevitável.
2 comentários:
A passagem aumentou pra 2,30 e a gente só reclama à boca pequena...
Ouvi dizer que em Caracas não há postes de iluminação com fiação elétrica nas ruas.
:)
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