7/29/2008

O vale encantado

A cidade mais bonita do Peru se chama Ollantaytambo. Tá, sei que parece muita presunçao afirmar isso desse jeito, sendo que nao conheço nem 1/3 do que existe pra conhecer neste país. Mas é que Ollanta é tao legal, tao legal que creio ser impossível que exista concorrência fora desse circuito turístico Arequipa-Cuzco-Puno tradicional.

Vamos às razoes. Primeiro, as casinhas e prédios do centro sao quase todos rebocados e pintados (o que é raríssimo por aqui, pois parece que no ramo da construçao civil peruano qualquer coisa além de tijolo e cimento é supérfluo). Segundo, porque além disso todas sao bonitinhas e estilosas, no estilo San Pedro de Atacama. Terceiro, porque a cidade fica localizada na beira de um rio de água azul cristalina, bem no meio de um vale cercado de montanhas verdinhas tipo as de Machu Picchu. E quarto, porque numa dessas montanhas a dois quarteiroes da Plaza de Armas ficam umas das ruínas mais legais que vi nessa viagem: uma longa construçao em curvas de nível de terraços para plantaçoes, celeiros, casinhas, templos e tudo a que uma boa cidade pré-colombiana tem direito.

Além do mais, é muito legal o jeito que esses sítios arqueológicos do Peru se integram à vida normal da galera. O local cobra entrada, é fechado e tudo, mas mesmo assim tem muita gente que vive do lado de dentro dos muros, criam ovelhas e lhamas, lavam roupa no riachinho e coisa e tal. Também vi a mesma coisa em Tambo Machay, um antigo local de banho inca a alguns quilômetros de Cuzco onde, mesmo apesar das hordas de turistas, ainda é possível ver os índios pastoreando e burrinhos pastando a apenas alguns metros da entrada.


Ollantaytambo é na verdade uma das últimas cidades do que o pessoal aqui chama de Vale Sagrado, uma faixa sinuosa de terras planas à beira do rio Urubamba que vai desde uns 40km ao norte de Cuzco e culmina na cidade de Águas Calientes, no sopé do morro onde está Machu Picchu. Além de Ollanta, as duas cidades mais importantes sao a própria Urubamba - magnificamente localizada numa depressao rodeada de montanhas nevadas - e Pisac - um pequeno povoado também na encosta de umas ruínas em curva de nível charmosíssimas.
Em Pisac, inclusive, tive a sorte gigantesca de chegar lá coincidentemente na mesma hora em que começava o desfile de folclore popular, em comemoraçao à independência do Peru, e isso foi muito louco. O pessoal aqui leva o negócio a sério, as fantasias sao sinistríssimas e isso tudo me rendeu milhoes de fotos sensacionais, que prometo postar assim que voltar.
Hoje já estou em Puno, nas margens do Lago Titicaca. O lago nem é tao bonito, (acho que vai demorar um pouco pra eu achar outro lago bonito depois de ter morado 8 meses em Lake Tahoe e ter visto Interlaken), mas o passeio turístico padrao daqui é visitar a ilha dos Uros, uns índios meio malucos que moram em umas ilhas flutuantes feita de raízes e brotos. Achei legal, mas nao é muito a minha praia fazer esses passeios gringo-conhecendo-a-pureza-da-cultura-local, principalmente porque a tal cultura nao é pura coisa nenhuma e, no fundo no fundo, tudo é só encenaçao pra atrair turistas. Inclusive, esse é o verdadeiro motivo pelo qual as ilhas surgiram, e na verdade verdadeira, os índios que estao lá nem sao os antigos Uros mais, só pegaram a fama emprestada, os safadinhos...
Espero gostar mais das ilhas do lado de lá da fronteira, pra onde vou amanha. La Paz também me espera, e o sentimento é recíproco. Pra nao quebrar a tradiçao, posto de novo em dois dias. Beijos!
PS: Sim, o layout bugou. Fica esse basicozinho mesmo até eu voltar, e depois eu vejo o que faço.

2 comentários:

André disse...

droga - sua última frase estragou o comentário sobre o layout que eu ia fazer.

e Rod - tou curtindo demais te acompanhar aqui. lindo tudo =P

... disse...

'índios safadinhos' é ótimo!hehe=-P
Tô valorizando d+ essa sua viagem! =-)
Bjocaa
lu